Manuscrito
raro vai a leilão na Holanda e supera estimativa de venda. Autora do célebre
diário escreveu o poema de oito linhas para uma amiga em 1942, meses antes de
se esconder das tropas nazistas em Amsterdã.
Um raro poema escrito à
mão por Anne Frank foi vendido por 140 mil euros (cerca de 500 mil reais) num
leilão realizado nesta quarta-feira (23/11) na cidade de Haarlem, na Holanda.
A casa de leilões Bubb
Kuyper, especializada em livros, manuscritos, mapas e ilustrações, havia
avaliado a venda entre 30 mil e 50 mil euros, muito abaixo do que acabou sendo
arrematado.
"Estou
agradavelmente surpreso", afirmou Thijs Blankevoort, codiretor da casa de
leilões, à agência AFP. Ao jornal holandês De
Volkskrant, ele disse que as obras literárias de Anne Frank são poucas e
que, desde a morte da jovem, apenas "quatro ou cinco" manuscritos
foram vendidos.
De acordo com
Blankevoort, a garota judia escreveu o poema aos 12 anos de idade, no dia 28 de
março de 1942, poucos meses antes de ela e sua família terem de se esconder das
tropas alemãs nazistas que ocuparam Amsterdã. O manuscrito foi feito no álbum
de poesias de uma amiga.
Com oito linhas, o
poema foi dedicado a "Cri-Cri". Esse era o apelido de Christiane van
Maarsen, que morreu em 2006 e era irmã mais velha de Jacqueline, melhor amiga
de Anne Frank.
"Minha irmã
arrancou essa página de seu álbum e me deu por volta de 1970. Eu sei que minha
irmã não era tão apegada ao poema que Anne escreveu para ela tanto quanto eu
sou ao poema que Anne escreveu para mim", contou Jacqueline van Maarsen em
nota publicada no site da Bubb Kuyper.
As primeiras quatro
linhas do poema provêm de uma revista de 1938. Para os quatro versos restantes
não foram identificadas fontes. "Provavelmente foram escritos pela própria
Anne Frank", afirmou o codiretor da casa de leilões. O manuscrito é
assinado com a frase "em lembrança de Anne Frank".
A jovem e sua família,
composta ainda pelo pai, Otto, a mãe, Edith, e a irmã, Margot, emigraram da
Alemanha para a Holanda em 1934. A partir de julho de 1942, eles passaram a se
esconder dos nazistas num compartimento secreto de um prédio em Amsterdã, onde
ela escreveu o famoso diário. Dois anos mais tarde, foram denunciados e
deportados para campos de concentração nazistas.
Anne Frank morreu de
tifo no campo de Bergen-Belsen no início de 1945, aos 15 anos de idade. Da
família, Otto foi o único sobrevivente. Logo depois do fim da guerra, ele
recebeu todos os escritos da filha, que incluíam o diário de capa dura
propriamente dito, um caderno e diversas folhas soltas. O diário foi lançado
pela primeira vez na Europa em 1950, poucos anos depois do fim da guerra.
(Fonte: DW)
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