Ao
contrário dos vestibulares tradicionais, o Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem) traz uma prova mais interdisciplinar e que aborda temas que não são
cobrados com frequência nos demais processos seletivos. Além de noções de Artes
e Educação Física, o estudante que fará o Enem deve se preparar também para
resolver questões de Filosofia e Sociologia.
O
professor Alexandre Linares, do cursinho Maximize, explica que as disciplinas
começaram a ser cobradas pelo exame porque o pensamento filosófico e a
interpretação da sociedade fazem parte da vida humana e dialogam diretamente
com o nosso cotidiano. "Sem os conhecimentos elementares destas áreas é
muito mais complicado entender as dinâmicas da história humana, das relações
dos seres humanos com o espaço e com a sociedade", diz.
Diluídas
no caderno de Ciências Humanas e suas Tecnologias, Sociologia e Filosofia
ocupam cerca de um terço das questões dessa prova e muitas vezes aparecem
dialogando com eventos históricos, atualidades ou até mesmo com Geografia e
geopolítica. Para te ajudar a estudar essas matérias, o GUIA conversou com
professores de cursinho que prepararam algumas dicas.
Se
a sua base de Sociologia e Filosofia na escola não foi muito forte ou se você
ainda tem dúvidas com relação aos principais temas cobrados, o primeiro passo é
refazer as provas do Enem - especialmente as de 2009 para cá, que foi quando as
duas matérias começaram a aparecer nas questões. O professor de Ciências
Humanas do cursinho Oficina do Estudante, Célio Tasinafo, ressalta que a
técnica de ver os conteúdos que já foram abordados e identificar em quais há
dúvidas é a mais indicada para este momento, a um mês do Exame.
"Nós
não temos muito tempo até o Enem, então não adianta muito começar a pesquisar
na internet sobre os filósofos pré-socráticos e toda a linha histórica que se
segue. Acredito que o aluno perderá tempo, a essa altura, se tentar estudar
autor por autor ou decorar conceitos. É melhor que ele refaça as provas e tire
as dúvidas que teve com o professor na escola", explica.
Filosofia
Ainda
que o Enem mantenha de certa forma um caráter interdisciplinar, o exame tem se
tornado cada vez mais conteudista, como explica o professor Edmilson Bello, do
cursinho Maximize. Essas alterações trazem muitos reflexos no modo como a
Filosofia é abordada dentro do vestibular.
"Anteriormente,
mesmo que o candidato não possuísse um conhecimento específico, pela leitura e
intelecção do texto do enunciado poderia encontrar a alternativa correta. Nas
provas mais recentes, essa situação torna-se cada vez mais rara, embora não
tenha sido totalmente abandonada. Dessa forma, é importante não só desenvolver
a capacidade de intelecção de textos, mas também conhecer com um nível razoável
os conteúdos mais cobrados", diz Bello. O vocabulário utilizado nas
questões de Filosofia é bastante específico, por exemplo, e por isso é preciso
estar atento aos termos da área.
Os
professores lembram que é comum que haja perguntas sobre formas de governo e
estruturas de organização social e destacam que os autores clássicos, como
Platão e Aristóteles, são os que mais aparecem nas questões, assim como os teóricos
do absolutismo Thomas Hobbes e Nicolau Maquiavel, e do iluminismo, como
Jean-Jacques Rousseau, Voltaire e Denis Diderot.
Já
entre autores contemporâneos, Alexandre Linares afirma que o Enem costuma
trazer questões envolvendo Sartre, Heidegger, Michel Foucault e os filósofos da
Escola de Frankfurt, como Adorno, Horkheimer, Marcuse, Habermas e Walter
Benjamin, que tratam da indústria cultural e da reprodutibilidade técnica.
Sociologia
A
Sociologia é um conteúdo que pode estar distribuído em várias frentes do Enem,
inclusive na redação. O tema de 2015, que abordou a violência contra a mulher,
é uma questão diretamente relacionada à formação social, ressalta Linares. De
acordo com o professor do cursinho Maximize Caio Costa, a disciplina aparece na
prova não apenas em conteúdos específicos e técnicos, mas também em questões
formativas, que motivam o estudante a fazer uma análise crítica da sociedade.
Alguns
conceitos básicos, como ação social e fato social são recorrentes, assim como
os sociólogos clássicos: Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim. Mas Costa
destaca que a prova também costuma trazer a relação com a sociedade
contemporânea "através da visão de movimentos sociais pelos cidadãos, e
também da própria política e de como ela aparece na vida dos indivíduos por
meio das instituições, das organizações e da cidadania".
Para
a revisão do conteúdo, o professor reconhece que os manuais de Sociologia são
importantes, mas lembra que é essencial que o estudante se atente para os
debates da atualidade. "O aluno precisa estar ligado no papel da mulher,
no debate de gênero, que cada vez está mais presente, e também na forma como a
desigualdade social afeta o cotidiano". Uma dica é ler as notícias diárias
em jornais e na internet, além de revistas mensais mais aprofundadas para
perceber quais os principais problemas por trás das notícias. "A corrupção
é um problema social, certo? Então, ela é tema da Sociologia", completa
Costa.
Por
isso, dedique sua atenção a temas que são constantemente debatidos nos dias de
hoje, como direitos humanos e de minorias, diferenças culturais, trabalho
infantil e feminino, guerras, migrações e crise de refugiados.
(Fonte:
Guia do Estudante / Abril)
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