Gregos.
Nórdicos. Celtas. Mongóis. Indígenas. Se há uma coisa que não está em falta nas
culturas humanas são deuses, e eles não param mais de aparecer. Uma pedra
repleta de inscrições retirada das ruínas de um templo Etrusco de mais de 2500
anos revelou um nome até então desconhecido dos pesquisadores do povo da
Península Itálica: Uni, divindade que estaria relacionada a cultos de
fertilidade.
A
pedra pesa notáveis 225 kg – um caderno de anotações para ninguém botar defeito
–, e seu texto está entre os mais longos já descobertos no alfabeto etrusco. As
inscrições foram encontradas enterradas nos fundos do santuário de Poggio
Colla, parte de um sítio arqueológico localizado na região italiana da Toscana.
Os
Etruscos foram o povo que habitou as regiões italianas do Lácio, da Úmbria e,
claro, da Toscana entre 1200 a.C. e a ascensão de Roma. Possuíam uma língua própria,
um alfabeto único e uma religião ainda misteriosa, e suas cidades, avançadas,
se tornariam grandes centros urbanos romanos posteriormente. Os detalhes de sua
sociedade e cultura ainda são pouco compreendidos por pesquisadores.
Decifrar
o texto não será tarefa fácil, já que o desgaste de dois milênios deixou a
superfície praticamente lisa. Mas ele pode ser um novo passo na compreensão da
língua perdida, cuja gramática é conhecida, mas que ainda possui pouquíssimo
vocabulário registrado. Gregory Warden, da Universidade Metodista do Sul, nos
Estados Unidos, afirmou à SMU Research News que os pesquisadores “esperam
encontrar palavras novas, já que essa descoberta difere da maior parte das
anteriores por não ser um texto funerário”.
Além
da pedra, foram encontrados artefatos como um vaso com uma ilustração de um
parto, o que reforçou a suposta ligação do templo com questões reprodutivas. Já
há diversas suspeitas sobre os possíveis significados das inscrições, que estão
sendo decifradas por equipes de acadêmicos de vários países.
Um
deles, Adriano Maggiani, da Universidade de Veneza, levantou algumas hipóteses
ao SMU Research News. “A localização da descoberta – um lugar em que ofertas de
prestígio eram feitas –, assim como o cuidado na redação do texto (...) sugerem
que o documento tinha caráter dedicatório.” Também é possível, porém, que a
pedra guardasse as regras do santuário, como um manual de instruções para as
cerimônias celebradas ali.
(Fonte: Revista Galileu)
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