A
imagem de um menino ferido após um ataque aéreo à cidade síria de Aleppo está
circulando nas redes sociais e chamando atenção para o desespero das vítimas do
conflito no país.
Segundo
relatos, o menino seria Omran Daqneesh, de cinco anos de idade. Ele foi uma das
vítimas de um ataque aéreo que deixou três mortos e 12 feridos no distrito de
Qaterji, controlado por rebeldes e alvo de uma ofensiva aérea por parte de
forças do regime Assad.
Cinco
delas seriam crianças, segundo disseram à agência AP grupos de oposição.
Nesta
quinta-feira (18), o enviado especial da ONU à Síria, Staffan de Mistura,
cancelou uma reunião humanitária no meio do encontro, citando sua
"insatisfação profunda" com a continuidade dos combates e criticando
os dois lados do conflito.
As
imagens do menino, divulgadas pelo grupo de oposição Aleppo Media Center,
mostram a criança sendo levada para uma ambulância, onde fica sentada com olhar
atordoado e com parte do rosto coberta em sangue.
No
vídeo, ele passa a mão no rosto e examina as manchas de sangue antes de limpar
a mão na cadeira. Depois, as equipes de resgate trazem duas crianças e um
homem, também feridos no ataque. Segundo os relatos, Omran Daqneesh está se
recuperando com a família.
"A
face atordoada e ensaguentada de uma criança sobrevivente resume o horror de
Aleppo", disse Adib Shishakly, que integra o grupo de oposição Conselho
Nacional Sírio.
No
ano passado, a imagem do menino sírio Alan Kurdi, de três anos, que morreu
afogado na travessia do Mar Mediterrâneo e terminou sendo levado pela maré para
uma praia na Turquia, chamou atenção para a situação dos refugiados sírios que
deixam o país por conta do conflito.
Geração guerra
Segundo
o Unicef, cerca de 100 mil crianças vivem em áreas sob controle rebelde em
Aleppo.
Em
um relatório publicado em março, o braço da ONU para a infância estima que
cerca de 3,7 milhões de crianças - uma em cada três no país - não conhecem
outra realidade além do conflito que já dura cinco anos.
O
enviado da ONU, De Mistura, estima que 400 mil pessoas tenham morrido no
conflito sírio. Centenas de pessoas, só nas últimas semanas em Aleppo, segundo
organizações que monitoram o conflito.
Dividida
entre o oeste, controlado pelo governo, e o leste, dominado por rebeldes, a
cidade é palco de uma disputa sangrenta que já dura quatro anos.
A
batalha se intensificou desde que distritos controlados por rebeldes foram
cercados em julho, explicou Shashank Joshi, pesquisador-sênior do Royal United
Services Institute, em artigo na BBC.
"Estima-se
que de 250 mil a 300 mil civis estejam presos em partes de Aleppo que estão sob
controle rebelde desde julho. E os governos sírio e russo têm se demonstrado
dispostos a conduzir bombardeios aéreos em áreas civis, enquanto rebeldes
conduzem ataques, na maioria das vezes ataques de artilharia, em áreas
populosas. Hospitais têm sofrido, intensificando a crise humanitária",
escreveu Joshi.
'Insatisfação profunda'
Nesta
quinta-feira, Staffan de Mistura condenou os dois lados do conflito, dizendo
que os combates impediram que os comboios humanitários chegassem à cidade no
último mês.
De
Mistura disse que abandonou uma reunião em Genebra após apenas oito minutos,
"como sinal de profunda insatisfação com a falta de pausa" no
conflito.
"Na
Síria, o que estamos ouvindo e vendo são apenas ofensivas, contraofensivas,
foguetes, bombas, canhões, napalm, cloro, atiradores, ataques aéreos, ataques
suicidas a bomba", disse.
"Nenhum
comboio humanitário alcançou qualquer das áreas dentro do cerco. Nenhum. Por
quê? Por uma razão: os combates. A prioridade nesse momento, claramente pelo
que podemos ver, são os combates."
(Fonte: Último Segundo)
0 comments: