Por Marco Antonio Villa
Depois
de muita luta estamos sepultando o projeto criminoso de poder. A mobilização da
sociedade civil foi o fator decisivo da vitória histórica. Não custa lembrar
que a defesa do impeachment, em meados do ano passado, era considerado um sonho
– ou, para alguns, uma ação irresponsável, que poderia levar o País à guerra
civil. Dilma Rousseff iniciou seu segundo mandato ainda com razoável capital
político. As elites empresarias continuavam satisfeitas. Não se viu à época
nenhuma manifestação da oposição. Tudo indicava que o PT governaria tranquilamente
por mais quatro anos. Contudo, a ânsia de poder absoluto do petismo levou a
cometer um grave erro ao lançar candidato próprio à presidência da Câmara.
Perderam. E ganharam em Eduardo Cunha um adversário. Foi em fevereiro. No mês
seguinte, convocadas pelos movimentos independentes, em todo o País ocorreram
manifestações, a 15 de março. Foi um sucesso. Em São Paulo, centro principal de
oposição ao projeto criminoso petista, a avenida Paulista foi tomada, de ponta
a ponta, por milhares de manifestantes.
Em
Curitiba, a Operação Lava Jato continuava a pleno vapor. E atingia o coração do
PT ao desvendar o maior escândalo de desvio de recursos públicos da história, o
petrolão. As sucessivas revelações foram desgastando o que tinha sobrado de
capital ético do PT. As provas eram evidentes – e envolviam a direção
partidária, chegando até Lula e Dilma.
Porém,
a oposição parlamentar fazia ouvidos de mercador. Timidamente se posicionava
frente à quadrilha petista. Temia a mobilização popular – e alguns receavam
serem atingidos pela Lava Jato. Mesmo após outras três grandes manifestações de
rua (abril, agosto e dezembro), a oposição ainda vacilava. Dava ao PT um poder
de mobilização que, há anos, não tinha. Pintava Lula como um perigoso líder de
massas, o que não correspondia à realidade. Temiam os movimentos sociais,
instrumentalizados pelo PT, e as centrais sindicais, ignorando o peleguismo e a
escassez de apoio popular. No fundo, a oposição não queria cumprir o seu papel.
Imaginava ser possível desgastar o governo, para, daí sim, vencê-lo em 2018.
Era a tática equivocada adotada em 2005, quando da crise do mensalão. Mas,
dessa vez, as ruas é que deram o rumo. Ao invés da conciliação, o
enfrentamento. E estavam certas.
(Fonte:
Blog do Villa)
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