quarta-feira, 13 de julho de 2016

Macacos usam recurso de linguagem similar ao dos humanos

Cientistas europeus aplicaram técnicas e conceitos da linguística contemporânea para compreender melhor os gritos de advertência dados por uma espécie de macaco originária da Costa do Marfim chamada Cercopithecus campbelli. E descobriram que, mais do que associar um som a um significado, o método de comunicação dos primatas possuí uma espécie de semântica, que envolve até a aplicação de sufixos para alterar o significado das “palavras”.
Indícios de práticas linguísticas humanas já foram encontrados na comunicação de várias espécies de animais. O sotaque das baleias varia conforme sua região de origem, e as mamães pássaro usam uma espécie de “fala de bebê”, conhecida no jargão linguístico como motherese, para falar com seus filhotes.
Mas os macacos do oeste da África vão mais longe. O termo krak, por exemplo, é um aviso genérico. Ele pode ser classificado pelo macaco como de menor importância através da adição do sufixo -oo. Já o termo hok é mais específico, e representa uma ameaça aérea. Adicione o mesmo -oo a seu final e você terá uma ameaça aérea de menor importância. As possibilidades combinatórias são reduzidas, mas o recurso é similar, embora em uma escala muito pequena, aos sistemas de sufixação empregados pela maior parte das línguas do mundo.
Philippe Schlenker, pesquisador do Dep. de Estudos Cognitivos da École Normale Supérieure de Paris que liderou a pesquisa, afirmou, em artigo científico publicado no site do grupo de estudos LINGUAE, que “ainda é cedo demais para saber o que os gritos de advertência dos macacos podem nos dizer sobre as origens da língua humana. Não há evidências de que a língua dos macacos e nossos idiomas tenham alguma conexão evolutiva”. Ou seja, o fato é curioso, mas essas são apenas as bases para estudos futuros. Não espere um dicionário de "macaquês" tão cedo nas livrarias.

(Fonte: Revista Galileu)

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