Cientistas
europeus aplicaram técnicas e conceitos da linguística contemporânea para
compreender melhor os gritos de advertência dados por uma espécie de macaco
originária da Costa do Marfim chamada Cercopithecus campbelli. E descobriram
que, mais do que associar um som a um significado, o método de comunicação dos
primatas possuí uma espécie de semântica, que envolve até a aplicação de
sufixos para alterar o significado das “palavras”.
Indícios
de práticas linguísticas humanas já foram encontrados na comunicação de várias
espécies de animais. O sotaque das baleias varia conforme sua região de origem,
e as mamães pássaro usam uma espécie de “fala de bebê”, conhecida no jargão
linguístico como motherese, para
falar com seus filhotes.
Mas
os macacos do oeste da África vão mais longe. O termo krak, por exemplo, é um aviso genérico. Ele pode ser classificado
pelo macaco como de menor importância através da adição do sufixo -oo. Já o termo hok é mais específico, e representa uma ameaça aérea. Adicione o
mesmo -oo a seu final e você terá uma
ameaça aérea de menor importância. As possibilidades combinatórias são
reduzidas, mas o recurso é similar, embora em uma escala muito pequena, aos
sistemas de sufixação empregados pela maior parte das línguas do mundo.
Philippe
Schlenker, pesquisador do Dep. de Estudos Cognitivos da École Normale
Supérieure de Paris que liderou a pesquisa, afirmou, em artigo científico
publicado no site do grupo de estudos LINGUAE, que “ainda é cedo demais para
saber o que os gritos de advertência dos macacos podem nos dizer sobre as
origens da língua humana. Não há evidências de que a língua dos macacos e
nossos idiomas tenham alguma conexão evolutiva”. Ou seja, o fato é curioso, mas
essas são apenas as bases para estudos futuros. Não espere um dicionário de
"macaquês" tão cedo nas livrarias.
(Fonte: Revista Galileu)
0 comments: