Ex-diretor da Petrobras falou para autoridades no acordo de delação premiada.
Ele ainda disse que sentiu traído por Dilma, a quem ele considerava amiga.
Em depoimento prestado durante a delação premiada na Operação Lava Jato, o ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró disse que a presidente afastada Dilma Rousseff "sabia de tudo, o tempo todo", sobre a compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras. Cerveró ainda disse que se considera traído por Dilma, a quem ele considerava uma amiga.
Em 2014, Dilma atribuiu a Cerveró a culpa pela compra da refinaria, negócio que é alvo de investigações. Dilma disse que a diretoria internacional da estatal, que era comandada por ele, havia omitido cláusulas do contrato do conselho administrativo da Petrobras. Ela presidia o conselho em 2006, época da compra da refinaria de Pasadena.
A Petrobras comprou 50% da refinaria por US$ 360 milhões. Posteriormente, a estatal foi obrigada a comprar 100% da unidade, antes compartilhada com uma empresa belga, a Astra Oil. Ao final, o negócio custou à Petrobras US$ 1,18 bilhão.
Na delação premiada, Cerveró se queixou pelo fato de Dilma ter atribuído a ele a responsabilidade da compra e disse que a presidente afastada mentiu ao afirmar que não sabia de todas as cláusulas do contrato.
Ele deu a declaração ao ser questionado sobre uma fala do senador cassado Delcídio do Amaral, também em acordo de delação premiada, sobre Dilma ter indicado o nome de Cerveró para a diretoria financeira da BR Distribuidora.
"Primeiro que eu conheço a Dilma, e eu fiquei muito cabreiro, embora eu conheça a intimidade da Dilma com o Delcídio [ex-senador]. Se a Dilma gostasse tanto assim de mim, ela não tinha me sacaneado, desculpe a expressão, há um ano, quase dois anos atrás, quando fugiu da responsabilidade dizendo que tinha aprovado Pasadena, porque eu não tinha dado as informações completas. Quer dizer, ela me jogou no fogo, ignorou a condição de amizade que existia, que eu acreditava que existia, trabalhei junto com ela 15 anos, e preferiu, para livrar, porque estava em época de eleição, tinha de arrumar um Cristo. Então: 'ah, não, eu fui enganada!' Mentira! É mentira! Eu estou dizendo isso aqui, isso não tem importância para homologação, Dilma sabia de tudo o tempo todo", afirmou Cerveró na delação. (Notícia do G1)
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