Pesquisadores concluíram que uma adaga
encontrada no sarcófago do faraó Tutancâmon (1327-1336 a.C.) veio,
literalmente, do espaço. Em uma análise para determinar a origem do ferro que
compõe a arma, os cientistas descobriram que o material é proveniente de um
meteorito.
O estudo, feito em parceria pelo
Museu Egípcio do Cairo e pelas universidades de Pisa e Politécnica de Milão,
foi publicado na revista científica Meteoritics & Planetary Science. Os cientistas escreveram
no artigo que a descoberta desta adaga feita com ferro de meteorito é um grande
passo na elucidação do misterioso “ferro caído do céu”,
relatado em diversos textos egípcios, hititas e mesopotâmicos.
A principal hipótese dos cientistas é a de que os egípcios consideravam o “ferro caído do
céu” divino e o utilizava para aplicações extremamente raras, como o enterro de
um faraó. “Se já existia na época, o derretimento de ferro provavelmente
produzia ferro de baixa qualidade para objetos reais e preciosos. Assim, esta descoberta também comprova que os
egípcios já tinham sucesso trabalhando com ferro ainda no século 14”,
escrevem os pesquisadores.
Na própria tumba de Tutancâmon, os cientistas
encontraram outro objeto intrigante: um colar peitoral com um amuleto
esverdeado em formato de escaravelho, construído com vidro de sílica do
deserto. Como este material só existia de forma natural na região desértica da
atual Líbia, os pesquisadores
supõem que o vidro usado no amuleto tenha sido gerado pelo impacto de um
meteorito ou de um cometa nas areias do deserto do Antigo Egito.
De que és feita, ó adaga?
A técnica usada pelos pesquisadores para a analisar a adaga não danificou o objeto. Eles realizaram uma forma de análise não invasiva, utilizando um espectrômetro de fluorescência de raios-X, que pode determinar a composição química dos materiais. De acordo com o estudo publicado, a lâmina da adaga encontrada na tumba de Tutancâmon contém cerca de 11% de níquel.
Artefatos produzidos com minério de ferro terrestre
apresentam índices de, no máximo, 4% de níquel. “O ferro de meteorito está claramente indicado pela presença de alta
porcentagem de níquel”, disse Daniela Comelli, da Universidade
Politécnica de Milão, em entrevista ao canal Discovery News.
Além das taxas correspondentes de níquel, os pesquisadores encontraram na lâmina
menores quantidades de carbono, cobalto, enxofre e fósforo, elementos comumente
encontrados em meteoritos.
Agora, os pesquisadores continuarão a analisar os
outros objetos encontrados na tumba do faraó, que morreu jovem, aos dezenove anos,
de causas desconhecidas. Em
paralelo às análises, os pesquisadores estão comparando amostras de meteoritos
ferrosos catalogados que tenham caído num raio de dois mil quilômetros ao redor
do Mar Vermelho.
(Fonte: Revista Galileu)
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