quarta-feira, 27 de abril de 2016

Brasil, o “anão diplomático” por Tosta Neto

No início da década de 1990, com a desagregação da União Soviética, especulou-se que a ordem bipolar cederia espaço à monopolização do mundo pelos Estados Unidos. A especulação supracitada foi extirpada pelos fatos e a globalização avançou de forma avassaladora. A queda do bloco socialista promoveu a integração do chamado “Segundo Mundo” à “Aldeia Global”, fortalecendo o volume de transações comerciais. A economia de mercado passou a imperar, além da guinada de internacionalização da produção, esta última, acoplada ao estabelecimento de filiais das multinacionais em países com vasta mão de obra barata e significativa oferta de matéria-prima, cuja China é o exemplo mais emblemático.
A economia mundial vem crescendo nos últimos anos, crescimento alicerçado por índices de superávit dos Estados Unidos, China, Japão e Tigres Asiáticos. Ciente desta vigorosa matriz econômica, Barack Obama já sinaliza a formação de um bloco comercial que englobe os países citados, entre outros banhados pelo Pacífico. Na época das Grandes Navegações, houve um deslocamento do eixo econômico do Mediterrâneo para o Atlântico, em tempos hodiernos, do Atlântico para o Pacífico.
Apesar de não ser banhado pelo Pacífico, o Brasil poderia articular uma possível participação no bloco mencionado, todavia, até o momento, a presidente Dilma se mostra indiferente, indiferença explicada também pela sua preocupação pessoal em se manter na presidência. O governo brasileiro não teve a perspicácia de encarar a integração neste bloco como um meio que contribua com a volta do crescimento econômico. Na derradeira década, o Brasil fez alianças com países pouco representativos na conjuntura econômica mundial, haja vista, as parcerias com Cuba, Venezuela, Equador e Bolívia, este último, nacionalizou empresas de gás da Petrobras, desapropriação que contou com a omissão e a covardia do governo brasileiro. O Brasil se apequenou no tabuleiro mundial, preferindo assumir a posição de peão.
A vitória da oposição venezuelana nas eleições legislativas e o advento de Mauricio Macri à presidência na Argentina, apontam o enfraquecimento do populismo caudilhista na América do Sul. O governo petista ainda insiste num populismo retrógrado dito de esquerda, que ocasionou uma verdadeira bagunça nas contas públicas. O Brasil perdeu a credibilidade fiscal e o selo de “bom pagador” foi retirado pelas agências internacionais de classificação de risco, fatores que afugentam os investidores. A economista formada pela UFRS, Dilma Rousseff, não aprendera um preceito básico da economia: os gastos não devem ser maiores que as receitas. A política fiscal do governo Dilma é um desastre. Ademais, por coadunar piamente com o falido populismo caudilhista, o Brasil está perdendo o papel de líder político na América do Sul, vazio que será ocupado pela Argentina de Macri. Não esqueçamos a recente visita de Obama no nosso hermano vizinho.
O Brasil é Grande, “Gigante pela própria natureza”, a 7ª economia do mundo, o 5º em território e o 5º em população, mas na geopolítica mundial, apresenta-se como figurante. Das últimas frases que li, aquela que mais me chamou a atenção pela precisão conceitual e originalidade, foi uma frase proferida pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Yigal Palmor: “o Brasil, um gigante econômico e cultural, continua a ser um anão diplomático”. Esta afirmação poderia ser elevada à categoria de aforismo nietzschiano. A política externa da Dilma é pífia, fazendo jus à condição de anão diplomático. Graças a tamanha felicidade na definição sobre o Brasil, o porta-voz israelense deveria ganhar o título de Doutor Honoris Causa. Indubitavelmente, a “presidenta mosquita” olvidou a importância da política externa no progresso nacional. Uma grande nação não pode relegar a diplomacia e o intercâmbio político-econômico com as grandes potências.


Tosta Neto, 27/04/2016

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