A confirmação de que o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva é o novo ministro-chefe da Casa Civil indica uma série de caminhos e
descaminhos na caótica República brasileira. O mais evidente e indubitável é: o
esvaziamento das funções da presidente Dilma Rousseff.
O ministro Lula passa a ser o articulador político de
um governo que tropeçou bastante nas relações com o Legislativo -- sobretudo no
segundo mandato da petista.
Considerado "bala de prata", Lula é apontado
como único que pode pacificar a base aliada. Afinal, Dilma e o PMDB estão em
guerra branca desde antes da campanha eleitoral de 2014.
O acordo de paz para garantir a reeleição do dueto
Dilma e Michel Temerdurou somente até fevereiro de
2015, quando Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi eleito presidente da
Câmara, derrotando Arlindo Chinaglia (PT-SP), o então candidato petista,
apoiado por Dilma.
Ela nunca foi afeita às nuances da política e, nesse
ponto, Lula poderia contribuir -- ao menos, unificando os aliados.
A economia do País em recessão -- principal propulsor
da insatisfação dos brasileiros -- também será atacada pelas estratégias do
ex-presidente.
Petistas acreditam que Lula vá dar "uma guinada
na economia" e mudará o norte de Dilma para a Fazenda e o Banco Central.
O ex-presidente quer usar as reservas
internacionais do BC para bancar a dívida pública federal. Essa disposição vai de encontro às
convicções do atual presidente do banco, Alexandre Tombini, que defende a
preservação dos mais de US$ 350 bilhões nos cofres do País.
Lula também estaria interessado no nome de Henrique Meirelles, ex-presidente do BC,
para integrar o governo.
As diferenças entre Dilma e Meirelles
são notórias, e o estilo centralizador da presidente nunca agradou
ao executivo.
Com seu carisma habitual, Lula está confiante de que
poderá salvar o governo.
Vai assumir a bucha deixada pela presidente que ele
próprio fez e elegeu.
A Dilma abatida que todos temos visto na TV nos
últimos dias deve dar lugar a uma presidente decorativa. Com menos olheiras
certamente, mas seguramente ainda apreensiva de perder o cargo.
O temor faz sentido, uma vez que a oposição crescerá
raivosa para tentar tirar Lula do cargo por vias judiciais e acusar Dilma de
ser conivente com a empreitada do ex-presidente, que estaria fugindo da Justiça comum, ao
tomar posse como ministro, para conseguir foro privilegiado.
Mas esse medo, pode ficar só para Lula.
Não foi necessário impeachment nem cassação da chapa
no TSE. Não foi preciso renunciar nem se resignar.
Dilma caiu.
E o novo presidente do Brasil é, pela terceira vez,
Luiz Inácio Lula da Silva.
Resta saber até quando.
(Fonte: MSN Notícias)
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