Um marco para
a física e a astronomia: cientistas de vários países anunciaram nesta
quinta-feira ter detectado ondas gravitacionais, ondulações do espaço-tempo que
foram previstas por Albert Einstein há um século.
Dois
buracos-negros se chocaram há 1,3 bilhão de anos. O cataclismo lançou estas
ondas em todas as direções até que chegaram à Terra no dia 14 de setembro,
quando foram captadas por instrumentos instalados nos Estados Unidos,
informaram cientistas durante uma coletiva de imprensa em Washington.
— Nós detectamos ondas
gravitacionais. Nós conseguimos — afirmou David Reitze, diretor do projeto,
durante a entrevista coletiva.
O que os pesquisadores do
projeto Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser
(Ligo, na sigla em inglês) encontraram foram "distorções no espaço e
no tempo" causadas por esses dois buracos negros com massas enormes se
fundindo em um só.
Além de detectar as ondas
gravitacionais, cientistas do Ligo também mediram as massas e as distâncias dos
buracos negros que o formaram.
— Este passo marca o nascimento de um
domínio inteiramente novo da astrofísica, comparável ao momento em que Galileu
apontou pela primeira vez seu telescópio ao céu no século XVII — disse France
Cordova, diretora da Fundação Nacional Americana de Ciências (National Science
Foundation), que financia o laboratório Ligo.
Físicos
brasileiros do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais ( Inpe) e do
Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista (IFT-Unesp)
participaram do projeto.
O que são ondas gravitacionais?
A gravidade,
de acordo com Einstein, é a deformação do espaço-tempo pela massa de um objeto.
Imagine o espaço-tempo como uma superfície plana de um sofá. Quando você
submete o sofá ao peso do seu corpo, o tecido cede e se deforma. É como se a
Lua em torno da Terra e a Terra em torno do Sol, na verdade, percorressem um
trajeto reto: quem promove a curva é o espaço-tempo. Essa curva faz com que a
Terra gire em torno do Sol, por exemplo. As ondas gravitacionais são as
ondulações produzidas em função da massa dos objetos: quanto mais pesados, mais
eles deformam o tecido do espaço-tempo.
Como elas foram encontradas?
Cientistas do
Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser (Ligo, na sigla
em inglês) usaram detectores a laser, distantes 3 mil quilômetros um do outro,
para detectar essas minúsculas variações no espaço-tempo causadas pela passagem
de uma onda gravitacional. Para se ter uma ideia da precisão do equipamento, é
como se eles pudessem dizer que uma barra de ferro de um sextilião de metros (1
seguido de 21 zeros) tivesse deformado 5 milímetros. Mesmo com esse
equipamento, eles precisam de um objeto realmente grande para detectar as
ondas.
Por que isso é importante?
A Teoria da
Relatividade de Einsten revolucionou a forma como entendemos a gravidade e é um
dos pilares da física moderna. O Universo ainda não é completamente entendido
porque essa teoria não concorda com outra muito importante, que é a mecânica
quântica. Estudando as ondas gravitacionais — a última parte da Teoria da
Relatividade Geral que ainda precisava ser comprovada —, os cientistas poderão
expandir o entendimento do Universo. Quando isso acontece, se descobre coisas
novas, que não eram esperadas.
(Fonte: Zero Hora)
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