Há
tempos o Brasil não é mais o “país do futebol” (vulgo futebol de campo). Nos
últimos anos, surgiu uma entressafra de bons jogadores. Outrora, presenciava-se
um número significativo de craques, status que concedia papel de protagonismo ao
jogador brasileiro no cenário internacional. O último futebolista do Brasil que
conquistou a “Bola de Ouro” da FIFA foi Kaká, no distante ano de 2007. Em
tempos hodiernos, o ex-país do futebol se sustenta exclusivamente no mito de
Neymar como possível candidato a melhor jogador do mundo; mito inventado e
cevado pela mídia esportiva, sedenta por craques que propulsionem a audiência e
o marketing de grandes empresas. Este período de “vacas magras” teve como
culminância o homérico 7 x 1.
A frieza dos números mostra que o Brasil é
o país do futsal (heptacampeão mundial). Eu disse hepta, sim, hepta, o nosso
futsal superou o fetiche do “hexa”. A verdadeira seleção brasileira conquistou
o campeonato mundial em 2012 num jogo disputadíssimo e apoteótico contra a
forte seleção da Espanha. No futsal brasileiro inexiste a supracitada entressafra,
cuja liga nacional ostenta um nível técnico deveras elevado, nível que não é
perceptível no falido e monótono Campeonato Brasileiro da Globo.
O futsal é um esporte praticado em espaço
curto, assim, o atleta precisa ter raciocínio rápido no desenvolvimento das
jogadas. No futsal, os erros são imperdoáveis e capitais, resultando na maioria
das vezes, na consumação máxima: o gol. Os dribles são curtos e a dinâmica de
jogo é acentuada. A prática do futsal exige agilidade de pensamento. O pensar é condição a priori para o grande jogador de futsal. Talvez, o futsal seja a
paráfrase perfeita do xadrez entre as diversas modalidades de futebol.
O autor que vos escreve é persuadido pela
memória a destacar o nome de Tarcisio, atleta amargosense de futsal. Tarcisio
não joga futsal com o corpo, outrossim, joga com o cérebro. Tarcisio não é
jogador de futsal, é o pensador no
futsal. Se os jogadores midiáticos da CBF tivessem o talento natural de Tarcisio,
o nível técnico do futebol brasileiro não estaria em plena decadência. O pensador não é futebolista
profissional por mero capricho do destino.
O
pensador tem olhar de águia, enxerga espaços obscuros para jogadores
simplórios. Apesar da baixa estatura, o
pensador é rápido como um guepardo, dificultando a marcação dos
adversários. Também, o pensador
apresenta um eficiente poder de finalização, todavia, a sua principal virtude é
o fator surpresa, este último, desmonta as defesas mais consistentes. Surpreender é primordial para alcançar o
triunfo, pois é um elemento que não está presente no leque da previsibilidade.
Em momentos nebulosos e difíceis, o ato de surpreender
atrelado ao pensamento, é um caminho seguro até a conquista da vitória. Por
conseguinte, os Grandes Gênios das diversas áreas da ciência e do esporte,
conjugaram e conjugam com maestria os verbos surpreender e pensar. É
preciso surpreender! É preciso pensar!
Tosta Neto, 20/01/2015
Tosta Neto é Escritor, Historiador e Colunista no Outro Olhar . |
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