O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi vaiado
na tarde desta sexta-feira, 20, ao participar de um evento em comemoração ao
Dia Nacional da Consciência Negra, na Liberdade, bairro de maior concentração
populacional negra de Salvador (BA). Já no início da fala, com mais de duas
horas de atraso, ao cumprimentar os presentes, de cima de um trio elétrico,
Lula ouviu uma sonora vaia, seguida de reclamações relacionadas à crise
financeira e à corrupção no País.
Alguns
gritavam a sua indignação com a volta da inflação e o desemprego. "Se
soubesse que ele estaria aqui, eu não viria. O País em crise, os pobres
passando dificuldade e esse cara aqui jogando conversa fora. Que falta de
consciência. E ainda colocou aquela mulher na presidência", esbravejava
Janete Costa dos Santos, de 25 anos, referindo-se à presidente Dilma Rousseff.
Lula tentou reverter a situação de descontentamento
popular enumerando algumas conquistas obtidas pela comunidade negra durante o
governo do PT.
"Tenho
consciência de que o que já foi feito são conquistas. Uma das grandes
conquistas foi o estatuto da igualdade racial. Nesse século 21 tivemos momentos
importantes na nossa história. Eu duvido que qualquer cientista político faça
pesquisa para ver se em qualquer momento do País havia tantos negros e negras
nas universidades", ressaltou, destacando as políticas públicas
implementadas pelo PT, em benefício dos afrodescendentes.
"Eu sei
que tem gente que não gosta da gente, sei que tem divergência. Queria que as
pessoas que discordem de nós, colocassem a mão na cabeça e pensassem no que
eram as negras e os negros antes do PT nesse País", disse, e reforçou que
"nunca na história desse País o negro teve oportunidade de ser médico,
engenheiro e não só ajudante de pedreiro nas grandes capitais ou empregadas
domésticas.
Em seguida, o
ex-presidente admitiu que ainda há muito a ser feito". "O movimento
negro precisa estudar quais são as conquistas que a gente deseja, pois a luta
do povo é infinita". Ele se despediu como se estivesse em campanha:
"Um abraço a todos e até a vitória".
(Fonte: Estadão)
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