Há
muito heroísmo em torno da independência do Brasil. Tudo isso não passa de
epopeia positivista. D. Pedro I nunca foi herói e não há nada de bonitinho em
nossa história. Entendamos o porquê disso.
A
Independência do Brasil significou que o Brasil deixou de ser uma colônia
portuguesa, tornando um Estado Nacional.
O
dia oficial da independência foi 07/09/1822, mas essa independência foi um
processo que ocorreu na estrutura da sociedade e se deu pelos interesses dos
latifundiários, da burguesia inglesa e da classe média.
O
regente de Portugal era o príncipe D. João. Napoleão Bonaparte da França tinha
decretado o Bloqueio Continental, proibindo as nações europeias de comerciar
com a Inglaterra. Mas D. João continuou tendo relações comerciais com os
ingleses. Por isso, Napoleão invadiu Portugal. Assim, a família real e 15mil
nobres portugueses fugiram para o Brasil, apoiados pela esquadra inglesa em
1808.
Esse
apoio inglês teria algo em troca. Por isso D. João decretou a ABERTURA DOS
PORTOS AS NAÇÕES AMIGAS, autorizando a Inglaterra a comerciar com o Brasil. –
Era a queda do Pacto Colonial. Aqui começa o processo de independência
política, pois já havia sido iniciado na economia.
D.
João assinou com a Inglaterra os TRATADOS DE 1810, acertando que, os produtos
importados ingleses teriam uma taxa alfandegária de 15%. Outros países pagariam
24% e importações de Portugal 16%. Inglaterra passava a ter mais vantagens que
Portugal. D. João permitiu manufaturas no Brasil, mas elas não cresceram devido
à concorrência com produtos ingleses.
Em
1815 Napoleão estava derrotado, mas D. João não voltou para Portugal e ainda
decretou que a colônia passava a ser REINO UNIDO A PORTUGAL E ALGARVES. A
capital do novo reino não era o Porto nem Lisboa e sim o Rio de Janeiro. O
Brasil deixava de ser uma colônia oficialmente e passava a ser uma quase
metrópole e Portugal era praticamente ajustada a condição de colônia.
Revolução Pernambucana (1817)
O Nordeste pagava altos impostos e o comércio estava nas mãos de comerciantes
portugueses, mal vistos pelos brasileiros. A maçonaria divulgava ideias
liberais e revolucionárias de forma subversiva. Diante das ideias
revolucionárias, o governador ordenou prisões, mas um capitão reagiu e matou
seu comandante. Por isso, um coronel foi enviado para prendê-lo, mas soldados
não aceitaram essa prisão e executaram o coronel. As ruas foram tomadas pela
multidão e os comerciantes portugueses tiveram que fugir. Por 10 semanas
Pernambuco foi um país independente do Brasil. Inclusive trocaram o pão e o
vinho português por mandioca e cachaça. D. João VI, já como rei, enviou tropas
a Pernambuco e derrotou os rebeldes. Muitos foram enforcados e chicoteados em praça
pública.
Revolução
Liberal do Porto (1820)
Revolução
do Porto eclodiu em Portugal. A burguesia estava no poder e não aceitara a
liberdade econômica do Brasil. Queriam também a volta do rei D. João VI ou
separariam do Brasil. Os portugueses queriam que o Brasil voltasse a ser uma
colônia de exploração. Para não perder o posto de rei, D. João VI voltou a
Portugal, deixando seu filho D. Pedro como príncipe regente.
Partidos Políticos
A
situação política no Brasil ficou tensa, pois não queriam que o Brasil voltasse
a ser uma colônia portuguesa. Surgiram 2 partidos políticos no Brasil: o
Partido Português e o Partido Brasileiro. O Partido Português queria a
recolonização do Brasil. Era formado por militares, altos funcionários públicos
e antigos comerciantes que eram beneficiados pela administração portuguesa. O
Partido Brasileiro queria a independência do Brasil. Era formado por
fazendeiros, comerciantes que desejavam comerciar com a Inglaterra e a classe
média. Mas entre o Partido Brasileiro havia os que queriam um país liberal e os
que queriam um país com escravidão.
Independência
Os
latifundiários do Partido Brasileiro queriam a independência, mas temiam que
essa fosse feita pelas armas e revolta popular, pois D. Pedro tinha seu
exército. É bom salientar que, em todos os processos de independência na
América houve luta armada. Por isso aproximaram de D. Pedro, para que ele
fizesse a independência sem a participação popular. Em troca, ele não seria
retirado do poder e se tornaria imperador do Brasil. Sabendo da situação, D.
João VI ordenou a volta de D. Pedro a Portugal. O Partido Brasileiro reagiu e
conseguiu 8 mil assinaturas pedindo que D. Pedro ficasse. Esse episódio ficou
conhecido como o DIA DO FICO e D. Pedro concordou aceitando a proposta. Tropas
foram enviadas de Portugal, mas logo desistiram de rebelar contra o Brasil. Em
1822 D. Pedro anunciou eleições para uma Assembleia Constituinte, que formaria
a constituição do Brasil. No mesmo ano ele proclamou a independência e se
tornou D. Pedro I. Na realidade foi feito um acordo para essa independência,
sendo que o Brasil teve que pagar dois milhões de libras esterlinas como
indenização para Portugal e seu filho foi coroado D. Pedro I, o primeiro
governante do novo Estado Nacional chamado Brasil, única monarquia das
Américas.
Curiosidade:
o Brasil não tinha dinheiro para pagar essa indenização. A Inglaterra pagou a
quantia acordada com Portugal e o Brasil nasce com uma dívida com a Inglaterra.
Isso fará o Brasil ter sérios problemas em sua economia devido o imperialismo
britânico.
(Professor
Yuri Souza / Fonte: Blog História Crítica)
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