Desde os tempos pós-jurássicos, a
humanidade se arvorou na teia do egocentrismo. A capacidade de raciocinar
ensejou a construção do império inconteste dos seres humanos na Terra. A luta
desvairada pela sobrevivência foi decisiva no esfacelamento da simbiose entre o
homem e a natureza. Percebe-se, que o domínio da razão serviu como álibi para
todas atrocidades e vícios da humanidade.
A decadência humana foi ratificada com a Revolução Neolítica, cujo aumento
significativo da produtividade viabilizou a sedentarização e a semeadura das
primeiras cidades. A vida na urbe exerceu influência no desencantamento pela
natureza. Ao longo da história, o ser humano, aparentemente, passou a se sentir
como um corpo estranho no meio natural. Os românticos propuseram a idealização
da natureza, porém, as suas ideias foram desprezadas; o caos da urbanização
sufocou o bucolismo.
O tal excedente da produção suscitou as
trocas comerciais, pavimentando cada vez mais o modo de viver citadino, que
teve como ápice a Revolução Industrial.
A busca incessante por matéria-prima teve como consequência uma verdadeira
pilhagem dos recursos naturais. O homem tem sido implacável no extermínio do
planeta. A conquista de território se tornou peça-chave no tabuleiro das
nações.
Tantas guerras ceifaram a vida de milhões
de inocentes. Tantos genocídios ultrajaram a honra de pais e mães de família. Infelizmente,
eu não conheço outros planetas, mas, parece que a Terra se tornou o pior lugar
do Universo para se viver. A humanidade deveria aprender com os animais e as
plantas o senso de equilíbrio e interação com a natureza. “Ser humano” é uma
mera conceituação metafísica que não tem a mínima conexão com a realidade.
Em pleno século XXI, o homem já sinalizou
que não aprenderá a ser humano. Prezado leitor, com toda franqueza, sinto que
não tenho alternativas para sair desse labirinto construído pelos humanos.
Queria tanto fugir deste planeta e caminhar pelos anéis de Saturno ou quem
sabe, vasculhar a vastidão de Júpiter e jogar futsal com meus amigos nas
quadras frias de Urano. Se eu não pudesse viajar pelo Universo, eu me
contentaria em ir embora para Pasárgada. Por que a humanidade transformou a
Terra em um lugar insuportável? Como seria o mundo sem os seres humanos? E se
Deus não criasse Adão...
Tosta Neto, 20/05/2015
Tosta Neto é Escritor e Historiador, Colunista do Outro Olhar Amargosa. |
Alguns anos atrás, ouvindo a homilia de um determinado padre, ele disse as seguintes palavras: "o homem morrerá afogado em dinheiro, pois, por ele, rouba, mata, destrói a natureza e tudo ao seu alcance." Penso que a humanidade comete as suas grandes falhas a partir do momento em que se afasta da sua essência, que está nas coisas simples, na natureza e na necessidade de ser e fazer feliz. Vivemos em um mundo cada vez mais imbecilizante, em que o conhecimento, a reflexão e as trocas de experiências são barganhadas pelo prazer fácil e vulgar. Em que as pessoas, cada vez mais, valorizam o que é medíocre, tolo, fútil e estéril. As falsas aparências escondem mentes desertas, ocupadas por wthatsapps, músicas alienantes e roupas de "marca". Corpos musculosos, lapidados em academias e símbolos, muitas vezes, de uma vaidades extremadas, forram cérebros pouco exercitados. Assim, o ser humano vai dando cabo ao seu processo de "zumbificação" que chamo de síndrome de "Walking Dead" (seriado americano em que os personagens são zumbis). Caso levemos a máxima do filósofo René Descartes (Penso, logo existo) ao limite, muitos seres humanos pouco existem, pois pouco pensam. E, ainda que venham a existir, serve, também, as palavras do grande escritor irlandês Oscar Wilde: "muitos existem, poucos, de fato, vivem."
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