quinta-feira, 27 de novembro de 2014

“Teatro dos Vampiros” na Petrobras por Tosta Neto, 26/11/2014

Tosta Neto (Escritor e Historiador) - Colunista do Outro Olhar

    Dos subterrâneos da derme dos seres vivos até o âmago férreo das engrenagens, a energia é a força indispensável. O movimento implora por esta força, cuja necessidade precede a existência de todas as coisas, além de ser uma mola propulsora para o desenvolvimento de qualquer economia. O ser humano sempre teve uma gana insaciável por energia, sendo que sua aquisição é tema frequente no teatro trágico das nações.
    Com a Segunda Revolução Industrial, no século XIX, o petróleo conquista o papel de ator principal na dinâmica do progresso econômico. Famintas pelo “ouro negro”, as potências capitalistas vasculharam-no nos palcos mais recônditos da Terra. No século XX, o Brasil entra em cena, culminando na fundação da Petrobras em 1953 pelo enigmático presidente Getúlio Vargas, onde o lema foi propagado pelas ondas do rádio: “o petróleo é nosso”. Em questão de décadas, a Petrobras se transformou em uma das maiores empresas do mundo, orgulho do Brasil e símbolo da soberania nacional.
    Neste nefasto ano de 2014, uma investigação encabeçada pela 13ª Vara da Justiça Federal do Paraná sob a batuta do competente juiz Sérgio Moro, com o objetivo de desarticular uma quadrilha de doleiros, desvelou um esquema de propina envolvendo diretores da Petrobras, empreiteiros e políticos da base governamental. Conforme o avanço das investigações descobriu-se o desvio de cifras bilionárias; uma quantia vultosa de dinheiro que concede ao “Petrolão” o status de maior escândalo de corrupção da história do Brasil, quiçá, da história do mundo ocidental.
    A Petrobras pertence ao povo brasileiro, por conseguinte, nenhum grupo político deve apropriar-se dela para se perpetuar no poder. Explicitamente, a Petrobras está sendo sugada por uma malta de vampiros sedentos por dinheiro público, seres que se assemelham a um bando de hienas na carcaça. Coitadas das pobres hienas, comparadas com estes vermes que corroem as entranhas da Petrobras. O “Petrolão” é uma vergonha imensurável, o ápice da corrupção no Brasil, o descalabro do partido político que nasceu sob o amparo da esperança e da igualdade social. Em comparação ao vendaval do “Petrolão”, o “Mensalão” não passa duma mera brisa. Infelizmente, o Lech Walesa Tupiniquim e a “Coração Valente”, instigados pela inocência e por intenções singelas, não perceberam este assalto à Petrobras.
    O “Petrolão” é mais um exemplo da confusão que há no nosso país entre o público e o privado, assim, aquilo que é público pode ser roubado, destruído, vilipendiado e usado para fins particulares. Voltando ao parágrafo anterior, o Lech Walesa Tupiniquim é intitulado como o “presidente do povo”, todavia, talvez seja a mãe dos empreiteiros: “nunca antes na história deste país”, as empreiteiras lucraram tanto... Se o Brasil fosse um país norteado pela seriedade, essas vampirescas empreiteiras seriam expurgadas de todas as obras públicas. O “Petrolão” é e será uma chaga impagável na enciclopédia do século XXI, um esquema criminoso que personifica a bancarrota do sistema público-político do Brasil.  


Tosta Neto, 26/11/2014

Sobre o Autor:
Tosta Neto Tosta Neto é Escritor e Historiador, Colunista do Outro Olhar Amargosa.

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