Tosta Neto (Escritor e Historiador) - Colunista do Outro Olhar
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Dos subterrâneos da derme dos seres vivos
até o âmago férreo das engrenagens, a energia é a força indispensável. O
movimento implora por esta força, cuja necessidade precede a existência de
todas as coisas, além de ser uma mola propulsora para o desenvolvimento de
qualquer economia. O ser humano sempre teve uma gana insaciável por energia,
sendo que sua aquisição é tema frequente no teatro trágico das nações.
Com a Segunda Revolução Industrial, no
século XIX, o petróleo conquista o papel de ator principal na dinâmica do
progresso econômico. Famintas pelo “ouro negro”, as potências capitalistas
vasculharam-no nos palcos mais recônditos da Terra. No século XX, o Brasil
entra em cena, culminando na fundação da Petrobras em 1953 pelo enigmático
presidente Getúlio Vargas, onde o lema foi propagado pelas ondas do rádio: “o
petróleo é nosso”. Em questão de décadas, a Petrobras se transformou em uma das
maiores empresas do mundo, orgulho do Brasil e símbolo da soberania nacional.
Neste nefasto ano de 2014, uma investigação
encabeçada pela 13ª Vara da Justiça Federal do Paraná sob a batuta do
competente juiz Sérgio Moro, com o objetivo de desarticular uma quadrilha de
doleiros, desvelou um esquema de propina envolvendo diretores da Petrobras,
empreiteiros e políticos da base governamental. Conforme o avanço das
investigações descobriu-se o desvio de cifras bilionárias; uma quantia vultosa
de dinheiro que concede ao “Petrolão” o status de maior escândalo de corrupção
da história do Brasil, quiçá, da história do mundo ocidental.
A Petrobras pertence ao povo brasileiro,
por conseguinte, nenhum grupo político deve apropriar-se dela para se perpetuar
no poder. Explicitamente, a Petrobras está sendo sugada por uma malta de vampiros
sedentos por dinheiro público, seres que se assemelham a um bando de hienas na
carcaça. Coitadas das pobres hienas, comparadas com estes vermes que corroem as
entranhas da Petrobras. O “Petrolão” é uma vergonha imensurável, o ápice da
corrupção no Brasil, o descalabro do partido político que nasceu sob o amparo
da esperança e da igualdade social. Em comparação ao vendaval do “Petrolão”, o
“Mensalão” não passa duma mera brisa. Infelizmente, o Lech Walesa Tupiniquim e a “Coração Valente”, instigados pela inocência
e por intenções singelas, não perceberam este assalto à Petrobras.
O “Petrolão” é mais um exemplo da confusão
que há no nosso país entre o público e o privado, assim, aquilo que é público
pode ser roubado, destruído, vilipendiado e usado para fins particulares.
Voltando ao parágrafo anterior, o Lech Walesa Tupiniquim é intitulado como o
“presidente do povo”, todavia, talvez seja a mãe dos empreiteiros: “nunca antes
na história deste país”, as empreiteiras lucraram tanto... Se o Brasil fosse um
país norteado pela seriedade, essas vampirescas empreiteiras seriam expurgadas
de todas as obras públicas. O “Petrolão” é e será uma chaga impagável na
enciclopédia do século XXI, um esquema criminoso que personifica a bancarrota
do sistema público-político do Brasil.
Tosta
Neto, 26/11/2014
Tosta Neto é Escritor e Historiador, Colunista do Outro Olhar Amargosa. |
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