Imagem de fan page em rede social |
O número de usuários da rede social Facebook já bateu em um bilhão de pessoas. A quantidade de blogs existentes na internet provavelmente já passou dos 200 milhões de páginas. E o site de vídeos YouTube recebe por segundo o equivalente a uma hora de imagens produzidas por amadores e profissionais.
São números como esses que sinalizam uma pergunta que gera muita perplexidade e incerteza: será que nós todos acabaremos sendo jornalistas mais cedo ou mais tarde? Recolher, editar e publicar notícias hoje em dia já não é mais um atributo exclusivo de quem fez curso de jornalismo ou trabalha na imprensa.
Tudo isso porque uma descoberta tecnológica, tão revolucionaria quanto a invenção da tipografia há 500 anos, deu às pessoas a possibilidade de publicar fatos, imagens, dados, opiniões e comentários sem que elas possuam uma gráfica, uma estação de rádio, televisão ou uma empresa de produção cinematográfica.
Esta capacidade de publicar na internet deu a quase dois bilhões de pessoas (o total estimado de usuários da rede mundial de computadores) a possibilidade de distribuir notícias – como um acidente na esquina de nossa casa, um assalto próximo ao local de trabalho, um ato arbitrário de um funcionário público ou a mutreta de um político. Os internautas passaram a ter o mesmo poder de um repórter quando as notícias só podiam ser lidas num jornal, uvidas numa rádio ou vistas na televisão.
Isso tornou inevitável o surgimento de duas categorias de produtores de notícias: os profissionais e os amadores, ou praticantes do jornalismo. Os primeiros têm larga experiência ou estudaram para desempenhar a função e ganham a vida com ela. Os amadores fazem do jornalismo uma função adicional ao seu emprego ou formação profissional. Um médico, um engenheiro ou advogado podem praticar atos jornalísticos de acordo com as circunstâncias e contextos. Tudo vai depender do momento e da postura individual.
Essa nova categoria veio complicar ainda mais a já complexa caracterização da atividade jornalística. Hoje são considerados jornalistas pessoas que fazem comentários esportivos, crônicas, crítica de cinema, literatura ou teatro, animadores de shows na TV, sem falar nos responsáveis por blogs políticos, esportivos etc.
Há inúmeros casos de jogadores de futebol que exercem a função de jornalistas, assim como atores de cinema e teatro passaram a comandar programas de entrevistas jornalísticas. O uso de celebridades para atrair público para programas classificados como jornalísticos tornou-se um recurso rotineiro na televisão.
Com a massificação da participação dos praticantes do jornalismo em blogs, redes sociais e páginas pessoais, o uso da expressão “jornalista” tende a aumentar ainda mais – o que abre um debate que envolve a todos nós, porque implica assumir algumas responsabilidades inéditas em nosso dia a dia, tanto para quem exerce a atividade informativa profissionalmente como para os que a praticam eventual ou acessoriamente.
O objetivo deste posté iniciar um debate sobre a ampliação do universo da atividade jornalística. Não temos – e ninguém tem – ainda respostas, porque é um tema complexo em que as definições surgirão mais por força de um esforço coletivo do que do gênio individual. É também um item relevante porque coloca para o cidadão comum as novas responsabilidades geradas pelo manejo da informação. Até agora, a maioria da população era espectadora passiva do jogo da informação. Os descontentes se limitavam a culpar os jornalistas e o jornalismo, sem assumir qualquer responsabilidade na divulgação de uma notícia errada ou informação distorcida.
Os jornalistas profissionais, por seu lado, partiam do princípio de que eram os donos da notícia e que sabiam o que os leitores desejam ou necessitam. O que não era inserido na agenda da imprensa era considerado não importante e, portanto, descartado ou jogado para os cantos de página em jornais.
Este quadro mudou e está mudando, conforme mostrou o documento “Jornalismo na Era Pós-Industrial” (Post Industrial Journalism), produzido pelo Tow Center da Universidade Columbia, nos Estados Unidos. Ele é o ponto de partida para uma série de reflexões que podem ser feitas por todos nós sobre o novo ambiente informativo que estamos vivendo.
Fonte: Observatório da Imprensa
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